Crítica Nediana: Os Vingadores - The Avengers (2012)

Crítica Nediana: Os Vingadores - The Avengers (2012)

Ned
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E finalmente chegamos ao fim da relativamente saudosa Fase 1 do Universo Cinematográfico Marvel, que nos presenteou com o filme que não só consolidou essa empreitada como estabeleceu o domínio de filmes de super-herói durante a década passada: Os Vingadores - The Avengers. (Mano, de quem foi a ideia de usar o título em inglês logo após o traduzido no marketing brasileiro???)

Lembro-me claramente da euforia na época em que o filme lançou, eu com nove anos numa sala de cinema em Vitória - ES, e um bando de marmanjos fazendo coro, torcida, vaias e aplausos estridentes em inúmeros momentos do longa-metragem. O filme foi um sucesso sem precedentes, e com esse carro-chefe a Marvel Studios passou a sempre buscar replicar ou triplicar esse sucesso, na maioria das vezes com êxito, para o bem e para o mal.

Revisitando o filme 12 anos depois, é curioso notar que tamanho filme-evento na realidade tenha uma fotografia digna de série de TV. Não é de se surpreender, afinal, Joss Whedon (na época em que era um guru dos nerds e não um babaca que caiu no ostracismo) veio de séries como Buffy - A Caça-Vampiros e Firefly, séries com seus fãs até hoje (principalmente a primeira), porém não eram séries de prestígio naipe HBO, e essa falta de experiência de Whedon com cinema propriamente dito tem seu custo, principalmente nos primeiros 40 minutos, antes do filme virar um semi-filme catástrofe bem feitinho. Tem uma ou outra cena em que ele tenta usar ângulos de câmera interessantes, apesar de tudo (falarei de dois deles mais adiante). 

Onde o Whedon diretor ainda mostra ter muito que aprender, o Whedon roteirista brilha, principalmente no que tange as interações entre os personagens, que é o principal objetivo do filme, afinal das contas: mostrar o deus babacão trombando com o homem-robô sarcástico enquanto o soldado picareta tenta segurar as pontas, etc etc. Sua experiência com HQs da própria Marvel rende bons frutos, e Whedon se aproveita bem das personalidades de cada personagem (embora Thor ainda seja um elo fraco) e seus choques de cultura. Quando começam a se reunir de fato, o filme passa de episódio chato de TV para um teor de episódio evento legal de desenho animado. O forte disso é demonstrado principalmente na cena em que Loki, o Deus da Trapaça, manipula os heróis uns contra os outros no aeroporta-aviões, com direito a um shot do cetro do vilão ao contrário, na pose em que é utilizado para lavar a mente de suas vítimas, enquanto no fundo da cena os heróis estão discutindo, caindo na armadilha do vilão. Se trata do ápice do filme, ao meu ver. 

Falando no Loki em si, essa cena o garante como um vilão bom o suficiente, mas a abordagem Shakesperiana para o personagem no filme solo do Deus do Trovão rendeu momentos dramáticos que fizeram falta aqui, mas aquilo era uma pérola numa pilha de latrina. Thor continua sendo um personagem fraco (embora renda umas cenas de ação legais) e sua disputa com Loki não é lá muito comovente. Todo o resto dos personagens é bem aproveitado na medida do possível. Até mesmo o Gavião Arqueiro, que estava sob controle de Loki durante a maior parte do filme, parece ter sido melhor aproveitado que Thor, guardadas as devidas proporções.

E então temos a batalha final, numa escala inédita para a época. Apesar do filme escorregar em algumas conveniências, quem não se empolga com o giro em 360° ao redor dos Vingadores com a música-tema tocando está morto por dentro. Vários one-liners, planos-sequência se aproveitando da escala da batalha, e cenas de impacto que obtém fruto. Enfim, o filme-espetáculo prometido.

Considerações finais: Basicamente, é como se o MCU fosse uma longa série e esse fosse um episódio evento. O que traz em si vários pontos positivos e alguns negativos. No caso do filme em questão, pende pro positivo, apesar de que quando o filme não se foca no espetáculo ou nos personagens a inexperiência de Whedon em filmes do tipo acaba se sobressaindo. Pensando no que Martin Scorsese disse sobre esses filmes não serem obras de arte profundas e sim parques temáticos, cada vez mais percebo que ele está certo (com algumas exceções), mas um parque temático ainda diverte, e esse filme é o brinquedão principal de uma época que você ainda se divertia nele, e o vagão não quebrava no meio do trajeto, entra em manutenção ou te faz sair com torcicolo como os brinquedões de hoje em dia.

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