Crítica Nediana - Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes


Alerta de possíveis spoilers
 

Bom dia, flores do dia. Aproveitando o ano novo? Eu não, por isso decidi começar a escrever resenhas esporadicamente aqui neste blog. É minha primeira vez escrevendo uma resenha sem ser em mensagens random mal editadas no Discord ou uma review engraçadinha no Letterboxd, ou seja, vou ir melhorando e adicionando mais personalidade conforme eu for trazendo mais críticas, então qualquer amadorismo ou erro da minha parte, vão se ferrar relevem ou apontem com carinho nos comentários, por favor.

Sem mais delongas, o filme que estarei analisando desta vez é o mais novo capítulo da franquia queridinha das adolescentes dos anos 2010, Jogos Vorazes, que retorna com uma prequel intitulada  A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, lançado 8 anos após o fim da saga principal protagonizada por Jennifer Lawrence. 




Na trama, acompanhamos as origens do vilão e futuro presidente Coriolanus Snow (interpretado por Tom Blyth), rapaz que, apesar de viver na Capital (basicamente o distrito burguês de Panem), passa por apertos financeiros desde o assassinato de seu pai. Sua melhor chance de renda é conseguir uma bolsa de estudos chamada de Prêmio Plinth, mas para isso, deve se provar num novo desafio: os Jogos Vorazes (a maneira que Panem encontrou para punir anualmente os distritos que se rebelaram anos atrás) estão tendo números de audiência cada vez menores, então os cabeças por trás dos Jogos decidiram reformular o evento, e uma das inovações se trata da inclusão de mentores dentre os jovens da Academia, e entre os "felizardos", está o Snow. O papel dos mentores seria aconselhar os seus respectivos tributos e transformá-los não somente em guerreiros vitoriosos, mas em estrelas de showbiz, numa tentativa de tornar os Jogos algo mais atrativo e engajante para o público.  A tributo com o qual Snow é encarregado é a cantora Lucy Gray Baird (interpretada por Rachel Zegler), originária do Distrito 12, e seu relacionamento com o futuro déspota é um dos destaques do filme. 

Confesso que não estava tão empolgado para o longa, e eu sinceramente não confiava na fanbase que estava aclamando o filme como o melhor ou um dos melhores da saga. E adivinhem só? Eu estava (parcialmente) errado. O filme divide seus atos em três partes, e as duas primeiras encontram o equilíbrio perfeito entre a política por trás dos Jogos e a carnificina PG-13 dos Jogos em si, de uma maneira que os filmes anteriores não haviam encontrado (nem mesmo o melhor, Em Chamas). O elenco está um show a parte, com ótimas atuações de astros como Viola Davis (que interpreta a arquiteta dos Jogos, Volumnia Gaul), Jason Schwartzman (sim, tive que pesquisar o nome para não escrever errado interpretando o apresentador Lucky Flickerman, ancestral do saudoso Caesar da franquia principal), Peter Dinklage (que interpreta o autor intelectual dos Jogos, Casca Highbottom me segurando pra não rir enquanto escrevo esse nome) e Hunter Schafer (sim, a mina de Euphoria, que no filme tem o papel de Tigris Snow). O destaque, no entanto, vai para a Lucy Gray de Zegler, que rouba os holofotes sempre que está em cena, e possui uma potência surreal nas cenas musicais. 

Para sinalizar que o filme está situado num passado distante dos filmes antigos, o filme adota uma estética apropriadamente retro futurista, seja nas televisões modernamente antiquadas ou nas vestimentas de determinados personagens, por exemplo o já citado Lucky Flickerman, posando um bigode brega e usando um microfone que remete aos anos 50 do mundo real.

Focando nos Jogos em si, eles são uma representação mais arcaica do que a que estamos acostumados, sendo uma arena bem menor e mais rudimentar, com poucos bestantes e drones que mal funcionam (e acabam servindo de alívio cômico). É uma abordagem que combina com o contexto do filme, considerando que os Jogos estavam apenas começando a se tornar o que os fãs da franquia conhecem.

As cenas de ação estão bem filmadas e coreografadas num geral, mas talvez a única coisa que eu sinta falta da direção majoritariamente porca de Gary Ross no primeiro filme é uma ousadia maior quanto à sanguinolência. Não me entendam mal, Francis Lawrence é dez vezes mais diretor que Ross, mas nesse filme em questão achei que ele foi muito clean no quesito sangue tirando um ou outro momento, fazendo parecer que seres humanos são feitos de isopor, empala um e sai nada do outro lado. Não precisava de algo nível 300, mas algo que botasse a classificação PG-13 no limite seria bom, afinal, os fãs dessa franquia já estão bem grandinhos num geral. No entanto, essa é a minha reclamação mais "severa" dessas duas primeiras partes, ou seja, não tinha muito o que reclamar até então.

O problema mesmo vem com a terceira parte. É quando o filme foca 100% na construção do protagonista como o vilão calculista e cruel, o Presidente Snow que conhecemos. Porém, o desenvolvimento é extremamente acelerado a partir de então. Quem for assistir o filme deve ficar intimidado com as 2 horas e 30 minutos do longa, mas a verdade é que o filme não se arrasta. Pelo contrário, passa rápido até demais. Poderia ter tido mais uns 20 minutos tranquilamente para desenvolver melhor o personagem. Tom Blyth tem uma boa atuação, mas é o que mais sofre por decisões de terceiros, pois, graças a essa edição mal feita no segmento final, parece que seu personagem só vira o vilão por ser o seu destino. Não há nenhum desenvolvimento crível, e nenhuma fala surpresa de Donald Sutherland (o ator que deu vida ao personagem nos filmes originais) antes dos créditos consegue maquiar isso. O final do par romântico de Snow, no entanto, possui uma ambiguidade interessante, que só contribui para cimentar Lucy Gray como a melhor personagem do longa

Impressões finais: Uma coisa que não pretendo fazer é dar nota pois acho que notas podem nos levar a nos contradizer em dados momentos ou dar a impressão equivocada de que determinados filmes díspares estão no mesmo patamar. Logo, se quiserem ir pular pro final do texto para ver uma síntese do que achei da obra, este parágrafo servirá como um resumo. Ok, cortando o papo furado: é um filme divertido, indubitavelmente melhor que os modorrentos filmes finais lançados em 2014-2015, porém, seu terceiro ato apressado faz o filme cair consideravelmente na concepção final, deixando a impressão de ser apenas um filler. Sim, é definitivamente o segundo melhor filme da saga, mas não é nenhum feito difícil de se realizar, cá entre nós. Em Chamas permanece como o único filme ótimo da franquia. Porém, se você for fã, A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes ainda é uma boa pedida.

E é isso, um beijo na mãe alma de cada um de vocês. Até a próxima.

Ned

Ready for the mosh pit, shaka brah?

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