Crítica Nediana: Furiosa: Uma Saga Mad Max (2024)

Crítica Nediana: Furiosa: Uma Saga Mad Max (2024)

Ned
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 Remember me?


Sim, o seu pior pesadelo, o mesmíssimo Ned Rockatansky Pereira de Bragança Lima II, voltou, depois de um longo hiato num instituto de tortura medieval legalizada conhecida como faculdade

E volto com a crítica do filme Injustiçado com I maiúscula do Ano do Nosso Senhor 2024: Furiosa: Uma Saga Mad Max.

Apenas contextualizando que minha relação com a saga Mad Max se resume aos dois filmes recentes, Estrada da Fúria e este spin-off. Algum dia prometo conferir a trilogia original estrelada por Mel Gibson. Então qualquer referência oriunda a franquia num geral que abranja alguns dos três filmes originais que eu não tenha captado, me desculpem, mas sou humano e esse período da faculdade me deixou bastante ocupado a ponto de eu não poder ir atrás dos torrents da trilogia.

Ok, agora indo pra crítica: como de praxe nessa franquia, Furiosa não se preocupa em querer repetir os feitos dos filmes antecessores, nem mesmo os do adorado Estrada da Fúria. Então não espere um filme frenético 80% do tempo, com perseguições alucinantes permeando boa parte da película no compasso de poucos dias. Ao invés disso, se prepare para uma metódica história de vingança que abrange décadas em menos de 2 horas e 30 minutos, e o faz de maneira exímia, dividindo a história em cinco segmentos (pode-se argumentar, inclusive, que Estrada da Fúria é a sexta parte, dado o protagonismo de Furiosa nesse filme e a completude do seu arco no mesmo). Há de se ver o legado da sua breve concepção como um anime antes de vir a nós como um filme, observando essa divisão em partes. Potencialmente foram pensados originalmente como episódios do que teria sido o anime. 

Aliás, um dos destaques de Furiosa é como ele complementa o antecessor (ou seria sucessor?) sem se dar ao trabalho de se restringir a ser um mero "livro de respostas", se dedicando somente a responder perguntas deixadas pelo quarto filme da franquia e oferecer nada a mais. Mesmo que inevitavelmente venha com respostas, o principal foco se trata em expandir e explorar tanto o mundo de Mad Max como a psiquê da personagem-título, inclusive deixando um paralelismo interessante no final desse filme ao lado do final de Estrada da Fúria.

A direção de George Miller continua turbinada, com seu frenético jogo de câmera, e se aproveitando tanto de efeitos práticos para maior tangibilidade em cenas de ação como de CGI para oferecer uma camada mais mítica à história. Aqueles preocupados com uma diminuída de qualidade em relação a rendimentos anteriores, podem ficar tranquilos, pois: 1. Na tela de cinema tudo funciona que é uma beleza; 2. Se rever o tão adorado Estrada "Não Tem Uma Gota de CGI" Da Fúria vai perceber que não é bem assim, não é "somente efeitos práticos o tempo todo" e tem vários cenários com uma tela verde propositalmente perceptível, por mais que sua memória de peixe + vídeos de youtubers "entendidos" de CGI digam o contrário. Talvez a única cena que realmente a telona verde tá estranha e não "estilizada" seria num breve momento durante um ataque na Máquina de Guerra, mas nada que te tire do filme. De resto, não se distancia tanto assim de Estrada da Fúria nesse quesito. Várias cenas utilizam carros reais e cenários naturais, podem ficar tranquilos. A real diferença é que os momentos mais "pauleira" (por falta de expressão melhor) são mais espaçados entre si. Porém, que continuam insanos, continuam. 

Há muitos destaques no campo das atuações, principalmente no que tange ao cruel Dementus de Chris Hemsworth, um personagem sinistramente caricato que usa sua brutalidade para encobrir seu lado mais humano, uma maneira de reagir a seu luto e a perda do seu motivo para viver. Todas essas características que o Hemsworth consegue transmitir com facilidade, o que me faz pensar que o australiano realmente se dá melhor em personagens hiper expressivos do que com personagens mais contidos e atuações "realistas". Anya Taylor Joy como Furiosa, como era de se esperar, está ótima, mesmo que somente a vejamos após umas duas partes do filme (mais ou menos uma hora do filme). Nenhum demérito nisso, aliás. Faz parte da estruturação corajosa optada por Miller para usar de base para o filme. Estruturação essa que potencializa demais uma catarse emocional na última parte do filme, no confronto final entre a personagem-título e Dementus, confronto esse bem mais focado no impacto na psiquê de ambos os personagens e suas dualidades do que em pirotecnia pura. Aproveitando-se também do lado "lendário" dos filmes de Mad Max, afinal, não se sabe ao certo o que é real dentro desse universo distópico, o que é lenda e o que é História. Não se sabe qual foi o fim definitivo de Dementus, mas sabemos o que ele significou pra Furiosa e o que ela pretende fazer encima disso, um ciclo que só se encerra de fato em Estrada da Fúria. E sabemos que, independente dos fatos ou meros boatos, ela entrou pra História, assim como Max Rockatansky.

Considerações finais: É uma pena que esse filme, assim como o de 2015, esteja sendo negligenciado pelo público, pois vê-lo no cinema é uma experiência de encher os olhos. Com certeza irá se tratar de um desses filmes que muitos irão dizer que se arrependeram de não terem prestigiado nos cinemas. Mas faz parte. No fim das contas, não é o que importa. O que importa é que se trata de uma prequela de respeito, formando uma baita duologia com Estrada da Fúria, obras distintamente executadas e igualmente belíssimas. George Miller continua sendo o artesão do caos.



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