Desde pequeno, quando assistia às animações da DC, sempre admirei os personagens principais, aqueles que estavam frequentemente em algum confronto e/ou na linha direta da trama de determinada história. Como por exemplo, o Batman, Superman e Lanterna Verde. Era de se imaginar que uma criança da minha idade na época, que não possuía nenhum conhecimento acerca dos heróis que estavam atrás das telas, se importasse mais com os personagens significativos no geral ao invés de outros menos relevantes. No entanto, conforme fui crescendo, amadurecendo e me aprofundando cada vez mais nesse mundo dos quadrinhos, percebi que uma história que proporciona um ótimo desenvolvimento e transmite uma bela mensagem nem sempre está sendo protagonizada por um herói de peso. E posso dizer, com toda certeza, que estas palavras definem a minha relação com o Flash, indo de um "mero velocista", como eu pensava a respeito antes de conhecê-lo, de fato, a um herói que me trouxe de volta uma alegria pura e recompensadora e acredito que o mais importante, a simples suavidade de suas histórias, assim como seu lado humano. Elementos utilizados que se assemelham em muito às HQs do Homem-Aranha dos anos 60, que o transformaram em um super-herói que as pessoas se identificam o suficiente para considerá-lo o melhor de todos.
Portanto, esses dois ícones, o Velocista Escarlate e o Amigão da Vizinhança, foram determinantes para a construção do gênero e para uma maior aproximação com os consumidores. Ou melhor dizendo, a brilhante naturalidade em suas histórias estrelada por heróis humanos, demonstrou um lado único e próspero desse universo. Isso foi muito bem executado por escritores que souberam aproveitar consideravelmente esse elemento rico para desenvolver narrativas que se conectam, por meio de uma combinação de fatores humanos, com os leitores. Sendo fundamental para firmar uma base sólida e, consequentemente, realizar incríveis trabalhos tanto em uma escala impactante quanto uma mais modesta. O que é notável pelo trabalho de Mark Waid desde a sua estreia em The Flash (1987) #62, destacando-se em uma das sagas mais importantes e intrigantes, "O Retorno de Barry Allen".
Quando somos crianças, gostamos do Natal não apenas pela atmosfera e espírito de final de ano, como também pelos queridos presentes. Logo, a surpresa, a ansiedade e o conforto nostálgico são evidentes e predominantes nessa data tão especial para muitos. Não só crianças alegram-se ao descobrirem o que ganharam, mas adultos também se animam - um pouco, pelo menos - por além de comemorar juntos com seus entes queridos, também ao identificarem novas revelações e ao adotarem novos caminhos que precisarão trilhar. Nesta história, acontece exatamente isso. Muitas vezes, você não ganha exatamente o que deseja, mas sorri e é grato por pouco que seja. Porém, às vezes, só percebemos que ganhamos o presente perfeito, algo que nunca esperávamos ganhar, quando notamos com os olhos, sentimos com as mãos e apreciamos através dos próprios sentidos. E mesmo assim, desconfiamos, por alguma razão.
Pensando por um lado mais profundo, é normal seguirmos este comportamento. Afinal, isso ocorre não somente com presentes, mas também com pessoas e situações. É natural refletir e, consequentemente, desconfiar de situações boas em dias ruins, se uma pessoa é boa ou não, se alguém está proporcionando bons momentos para você por querer de fato o seu bem-estar ou por alguma razão maior e "oculta". Por isso, quando Joel Ciclone e Wally saem em uma noite repleta de decorações natalinas para fazer o que é de maior responsabilidade a um herói: garantir a paz na Terra, em princípio de sempre ajudar quem precisa - com uma trama bem elaborada que enfatiza exatamente esse ponto e o de redenção, sacrifício e o espírito natalino dos adultos (a família e os amigos, e não mais os presentes) -, àquela sensação pesada e de abnegação presente toma conta do corpo e da mente dos personagens, para no final, se deparar com o homem que se sacrificou para salvar o Multiverso... Em um momento como este, não há palavras para descrever a situação, nem mesmo o que dizer, pois é uma enorme surpresa tanto para os personagens quanto para o leitor - apesar de, possivelmente, aqueles que já tenham lido possuírem conhecimento sobre o retorno de Barry ou desta saga. Assim como eles pensaram, era para ser uma simples noite de Natal na vida comum de herói e, também, um momento para se estar próximo da família após uma jornada exaustiva e, acima de tudo, tensa e agitada. Como e por que algo tão bom e inesperado aconteceria justamente no momento certo? Seria, de fato, o presente perfeito naquela ocasião, ou há algo maior não revelado?
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