Crítica Nediana: De Volta Para o Futuro (1985)

Crítica Nediana: De Volta Para o Futuro (1985)

Ned
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Estou de volta! E dessa vez, com minhas resenhas mais tradicionais. O filme da vez é um clássico que vocês com certeza já viram ou ouviram falar, ao menos: De Volta Para o Futuro, dirigido por Robert Zemeckis. Não só um clássico como um dos filmes favoritos da minha vida desde terna idade, então é uma honra fazer uma resenha ainda que ligeira sobre.

Enfim, a história vocês já devem conhecer: Marty McFly era um adolescente metido a roqueiro e skatista vindo de uma família patética e que tinha uma certa amizade com o infame Doc Brown, que numa de suas últimas empreitadas, cria uma máquina do tempo na forma de um DeLorean. Porém, para isso ele roubou plutônio de uma gangue de terroristas, que não demoram em encontrá-lo e assassiná-lo. Na euforia da fuga, Marty recorre ao DeLorean e então se encontra preso nos anos 50 e acidentalmente bagunça o que seria o primeiro encontro entre seus pais, arriscando a sua própria existência. Inicia-se então uma corrida contra o tempo para retomar o status quo e voltar ao futuro.

Se trata de um filme que mescla vários elementos, desde ficção científica, comédia e até mesmo relações familiares, e se trata de uma raríssima mescla perfeita de ditos ingredientes. A começar pelo timing cômico ótimo dos atores, como Christopher Lloyd como o icônico (e excêntrico) Dr. Emmet Brown e Michael J. Fox como o protagonista. A troca de Eric Stoltz (ator inicialmente contratado para viver Marty) para Michael J. Fox foi super acertada, tendo em vista que o filme, entre outras coisas, tem uma veia cômica muito presente, e Stoltz não estava entregando a energia cômica necessária que Michael posteriormente entregou, como podemos ver na imagem abaixo. É impossível imaginar um Marty McFly que não seja o rapaz de colete vermelho interpretado por Michael J. Fox. A entrega tanto dele como de Lloyd se destaca durante todo o longa.


Não só os protagonistas, mas os atores dos pais de Marty, George e Lorraine McFly (interpretados por Crispin Glover e Lea Thompson, respectivamente) também foram super bem escalados, bem como o ator de Biff (Thomas F. Wilson), o valentão que atormentou um acanhado George McFly a vida inteira, seja no ensino médio nos anos 50, seja no "presente" (da época do filme) nos anos 80, como o chefe abusivo de McFly. Considerando que eles não só tiveram que interpretar duas, mas sim TRÊS versões diferentes dos personagens (uma no presente, como adultos, outra no passado quando adolescentes, e uma terceira no presente alternativo), eles mostraram uma versatilidade impressionante. George vai de um adulto/adolescente estabanado que oculta seu potencial por medo para alguém que desenvolveu autoconfiança com a ajuda de Marty (sem saber que se tratava do futuro filho), e isto resultou num futuro próspero em que ele se tornou um autor de sucesso. Lorraine, por sua vez, inicia como uma mãe ultra recatada e conservadora, contrastando com um passado onde ela era um bocado mais devassa e atirada em rapazes (ainda que dissimuladamente), e termina como uma mãe mais tolerante e permissiva com os filhos. Por último, Biff vai de chefe e bully para capacho de um George mais imponente. São arcos de personagem entregados por maestria graças às atuações convincentes tanto nos trejeitos mais caricatos como nos momentos climáticos no fim do filme. 

Por fim, o filme não seria o que seria sem duas peças fundamentais: a direção de um Robert Zemeckis no auge e a fantástica e memorável trilha de Alan Silvestri (que veio a compor outras trilhas clássicas, como a dos filmes dos Vingadores). O diretor potencializa a capacidade emocional do longa, com cenas marcantes atrás de cenas marcantes. Mesmo o começo mais expositivo acaba por não atrapalhar a fluidez do longa. Quanto mais você reassiste ao filme, mais você percebe elementos visuais deixados aqui e acolá que vem a ter alguma relevância na narrativa, seja para algo significativo, como a torre do relógio, seja para alguma tirada cômica, como anúncios eleitorais de um prefeito negro que anteriormente era um faxineiro descredibilizado. O setpiece final do longa, com Marty lutando para ligar o DeLorean e voltar a tempo para salvar o Doc Brown enquanto o dito cientista faz uma gambiarra na torre do relógio para poder conduzir energia elétrica para o capacitor de fluxo, permanece intenso até hoje, e é impossível assistir sem se agarrar nas bordas do sofá com medo de algo dar errado ou urrando quando tudo dá certo. Silvestri, por sua vez, contribuiu tanto para a icônica música tema como para a contratação de Huey Lewis and the News, que compuseram o hit The Power of Love que toca durante a ida de McFly para a escola. 

No final, é interessante ver como as tentativas do Marty de manter seu presente intacto acabam por melhora-lo, e que ele "indiretamente" ajudou aos seus pais a se tornarem a melhor versão de si mesmos. O filme em seu cerne é uma linda história familiar coming of age, e os elementos de ficção científica são catalizadores.

Considerações finais: De Volta Para o Futuro é simplesmente um dos melhores filmes pipoca de todos os tempos, e seu reconhecimento e influência na cultura popular não é em vão. Redondo em tudo que se propõe (isso que se trata de viagem no tempo, temática naturalmente cabeluda!), não consigo imaginar alguém ativamente desgostando do filme. Se ainda não conferiram, corrijam esse erro, pois é um filme que agrada a todos, uma deliciosa aventura cômica sci-fi que encanta desde o início, desde a casa bagunçada do Doc Brown recheada de relógios e parafernalhas até o triunfante final onde o DeLorean passa a voar em direção ao futuro ("Para onde vamos não precisamos de estradas"). Uma viagem no tempo simplesmente atemporal.



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